Nado’s
Considero o meu início na xarpi pelo ano de 1981, quando comecei a xarpi de colorjet. Antes passei pelo lápis de cera e pilot, só depois comecei a sair com o spray.
O que lembro bem daquela época foram as vitórias do meu time, o Flamengo, com um elenco maravilhoso que só me trazia, já naquela época, muitas alegrias. Campeonato Mundial, Zico é companhia.
O que me levou a entrar no xarpi, foi a influência do meu eterno parceiro e amigo Faso’s, que trouxe esse vício da Zona Norte onde estudava. Ali começamos uma parceria maravilhosa, que nos une até hoje.
A pichação foi para mim um abrir de portas, através dela conheci pessoas maravilhosas, amigos que me acompanham até hoje. Me trouxe tb algumas namoradas e fiquei bem conhecido aqui na área. Por onde passava, fazia novos amigos.
Meu nome é Bernardo, mais meu apelido sempre foi nado, como muitos naquela época usavam o apostrofe, resolvi juntar o útil ao agradável e comecei a colocar nado’s.
6 - Tem algum parceiro? Alguém com quem você gosta de pichar junto?
Meu eterno parceiro era o Faso’s, que por motivos diversos esta em coma (um dia trago ele para a pista).
Hoje gosto de fazer missões com os irmãos Tico e Hair, estão na minha faixa etária e nos entendemos super bem. Mesmos receios, precauções, objetivos, os caras são super concientes do que representa uma rodada para pessoas que estão com mais de 30, com filhos, família, trabalho, etc... Fica mais tranquilo assim.
Criei junto com o Faso’s a GBF – Galera de Botafogo, e até hoje essa é minha sigla.
Hoje em dia, com todos parados, só eu carrego essa resposabilidade de representar a GBF.
Não, só a da GBF.
Não tem como. É GBF até o fim.................
Na verdade, adoro um tintão, sei que não dura muitos anos, mais enquanto fica representa legal.
Olha é uma pergunta complicada (a classe é muito ciumenta), mais tenho uma afinidade pelos amigos da G80 e pelos nomes que não embolaram muito a grafia (era o que se fazia na minha época). Muitos evoluiram, mas permaneceram legíveis e isso acho bacana.
Tem uma pessoa ai, apesar de não ser da minha época que esta representando muito bem todo o movimento do xarpi, muita disposição, missões super bem trabalhas e escoltadas, mantém fotoblog, Blog, Site, faz entrevistas, participa de documentários, faz rap, inovou com a xarpi nos ferrugens (hoje uma de suas especialidades), preciso falar o nome? Nuno é claro.
Não tem uma específica, mas como disse ai acima, gosto dos nomes legíveis e que de alguma forma anexaram um certo grafismo a xarpi. Por exemplo: Dede, Tico, Hair, Rino, Runk, Gota, Teia, Nuno, Del, Gol, falecido Ary, etc.....
Quando estava na ativa (nos 80) não aconteciam muitas reuniões. Os grupos eram muito individualista e a rivalidade era dafo. Cada grupo querendo pixar mais do que o outro. Agora nesse retorno, gosto de ir a Reú do Leblon e a de Pilares.
Sem dúvidas essas reuniões são um diferencial maravilhoso dos anos em que comecei. Hoje há muito mais confraternização e as rivalidades são mais tranquilas. A grande maioria frequenta as reús e os problemas são resolvidos sem maiores traumas. Nos anos 80, não conheciamos muito os outros pixadores, não tinha fotolog, orkut, blog, etc. Tudo era mais difícil. Era raridade quando um pichador saia com alguém de outro grupo. Os grupos eram muito individualistas e cada um tentava xarpi mais que o outro, uma loucura. Uma que ficou na minha lembrança foi uma reú da DGL, muito bacana e na maior tranquilidade.
Nunca fiz, hoje vejo o quanto são importantes. Graças a Deus que tem uma galera ai conseguindo realizar trabalhos maravilhosos, por exemplo: Hair, Lof e outros.
Tudo de bom. Hoje conseguimos eternizar os nomes nos muros, achar os amigos, aprender com os comentários nos fotologs. Que bom, que tudo ficou mais fácil, nós merecemos.
Acho a pista mais tranquila, em relação a repressão. Quando parei a situação estava complicada, a população odiava os pixadores, o governo fazia campanha contra, a polícia tinha uma bronca danada e chegaram a editar a lei que até hoje proibe a venda de colorjet a menores e pessoas sem identificação. Por outro lado, percebo que os missões ficaram mais complicadas, não por causa da acilipo, mais porque hoje, tem mais esse lance de marquise, janeladas, ferrugens, etc. Tá mais complicado de conseguir o reconhecimento dos pixadores, cada um tenta fazer melhor que o outro e as vezes assistimos a tragédias entre os amigos. Tem hoje em dia tb muitos grafiteiros que não respeitam e estão atrapalhando legal o movimento do xarpi.
Mais fácil por um lado, mais difícil por outro.
A estrela que ficava flutuando na Lagoa Rodrigo foi a melhor.
Maior castigo é ser pintado, ou ter que assinar artigo e enfrentar os familiares.
Já passei alguns, todos pelos anos 80. Uma vez tomamos uma flagra de um morador em Ipanema, que foi dafo, lembro que ao correr o cara só deu aquele toque no pé só para desequilibar e tomei uma tombo cinematográfico, me ralei todo, mas ao cair soltei a mochila com os jets e quando o cara parou para pegar consegui ir embora.
Uma vez rodamos ali na Muniz Barreto, foi terrível, várias cabeças, dois carros, dois camburões, os policiais colocando o maior terror, doidos para pintarem todo mundo (mais tinha jogado o birro fora), no final morremos numa grana e todos foram liberados.
A melhor saída foi quando fui pela primeira vez fazer a Zona Norte, área ali do Méier, vários amigos, várias latas e na maior tranquilidade. Lembro que moleque, pegamos o 455, maior viagem. Mano Faso’s foi nosso guia por lá. Teve uma vez que pichei o ônibus todo com uma lápis de cera (BIG GIZ), e ele parou en frente ao Macdonalds da Garcia, ponto onde todos paravam depois da Boate Biblos, foi um comentário geral.....rsrsr.................
Não me arrependo, pelo contrário, muito orgulho. Muita coisa boa consegui e estou conseguindo através da pichação.
Muitos amigos e alguns cabelos brancos.
Não vejo a pichação responsável por alguma perda.
Minha área é o bairro de Botafogo.
Faso´s, Black, Lula, Fao, Biata, Heter, Ferdi, Barão, Trovão, Guila, etc...
Blue Dark da Montana essa é dafo, muito linda.
Posso falar de cadeira desse boom, porque fiz e estou fazendo parte dele e estou achando maravilhoso rever os amigos. Muitos conhecidos vem falar comigo que alguém esta pichando o meu nome por ai e tomam um susto quando falo que sou eu que voltei a ativa. Obrigado ao mano Hair, por ter me tirado do coma.
Ando muito aqui pela sul, mais nada se compara aos bairros da Norte. Mangueira, Méier, Pilares, Tijuca, Madureira, etc....
Só numa casa de sucos que fechou ali em Copacabana, fiquei sabendo depois que a dona dali era ligada a Umbanda e o marido dela do Bope.
Vou fazer 4.2 – turbo.
Tenho. Sou funcionário público.
Flamengo é claro.
Gosto de musica nacional em geral, Marcelo D2, Rappa, Racionais, etc....
Adoro documentários e filmes que falem dessa dualidade entre a vida nas favelas e no asfalto. Cidade de Deus, Show de Bola, 174, Tropa de Elite, etc...
O que poderia fazer? Não faria nada, mas com certeza eu faria um grafite primeiro.
Continuaria aconselhando e protegendo de alguma maneira. Quem sabe algumas missões juntos.
Sabem, procuro não esconder, apesar de não concordarem muito.
Muito bacana a inicitaiva, permite que os amigos nos conheçam melhor.
Diria para que tomassem cuidado, porque a pista foi, e é fogo.
Deixaria um pedido a turma, para que de alguma maneira não pichassem igrejas, monumentos, prédios tombados, etc. Acho que pichações nesses lugares sempre ligam o movimento a atos de vandalismo e prejudica muito a nossa causa, que já é muito discriminada.